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Thursday 21 April 2011

Goodbye to all that

Nas últimas semanas jornais e revistas do Reino Unido têm sido tomados por páginas e mais páginas sobre a monarquia, o que me chamou a atenção para o assunto nos mais diferentes aspectos. Comecei a perceber o peso da delimitação das classes sociais por aqui desde meu primeiro mês como habitante local. Ainda que os mais liberais afirmem que isso é coisa do passado, sotaques e preconceitos só confirmam a sua relevância. Nada que se possa comparar com o Brasil e toda a excessiva fragmentação (e volubilidade) de sua classificação social. Aqui tradições são importantes e, por isso, mantidas, inclusive nesta questão.

Historicamente os aristocratas tinham privilégios em relação às demais classes sociais. Eram detentores de grandes propriedades rurais (e em Londres, para seus negócios) e tinham influência na vida política da nação. Tinham um jeito próprio de se vestir e freqüentavam apenas locais destinados para seu grupo, não se misturando com as outras camadas sociais. Em tempos de casamento entre a nobreza e a classe média, a aristocracia, como um todo, reflete o século XXI, onde aqueles que ainda detêm suas elegantes propriedades rurais, lutam para pagar amargos impostos e elevados custos de mão de obra para manter seu patrimônio.


Alguns desses casos são apresentados no programa Country House Rescue, apresentado semanalmente no Channel 4, por uma simpática e convincente mulher de negócios que, conversando com os proprietários, identifica os pontos fracos na maneira como gerenciam seu patrimônio. Através de sua experiência, propõe soluções para que consigam tornar o lugar lucrativo de forma que consigam mantê-lo. Ela nos conduz, assim, a um mundo que beira a fantasia, dos interiores aos jardins de suas mansões (ou palacetes), alguns tão desgastados que quase chegam à ruína.

E é interessante (e acredito que às vezes até mesmo comovente para aqueles acostumados com o antigo conceito de nobreza) presenciar por vezes excêntricos, outras (em sua maioria) tradicionais famílias (e todo o seu código indumentário), se debatendo na tentativa de mudarem de atitude, abrindo mão de preceitos que sempre os regeram.

1 comment:

  1. Cris, cada vez é mais gostoso ler seus blogs. Esta história de antigas mansões e sua manutenção me lembra as histórias de Elizabeth Gaskell. Na minissérie da BBC 'Cranford' que roterizou 3 livros da autora, aparece uma mãe (marquesa, duquesa) tentando salvar sua propriedade, hipotecada para bancar os gastos do filho em uma grand tour italiana, e a dificuldade de se abster dos gastos, para nós supérfluos, mas para eles necessários. No fim, a casa vai à leilão e é comprada pelo homem que administrava a propriedade, com suas economias de trabalho e poucos gastos. Novas pessoas surgem no século XIX e substituem a antiga aristocracia, pelo menos, através de parte de sua cultura material.

    Por favor, nos envie suas observações sobre o casamento real, depois, tá?

    Grandes beijos,
    Mariana

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